domingo, 26 de abril de 2009

A lágrima


Me aliviaria metade do sofrimento se, por acaso, ela escorresse. Encharcada de medo e transbordável pelo arrependimento, seria inútil evitar que ela rolasse pelas maçãs rosadas do meu rosto agora – ao menos que algo acontecesse. E, sinceramente, não havia esperança alguma.
Refrescaria meu desespero, simbolizaria o medo se irradiando em mim. E bastaria. Ela escorreria, e levaria ao chão meus anseios em apenas uma gota. Não arderia meus olhos e nem queimaria minha face. Quase perfeito.
Mas enquanto ela não despencava, eu podia sentir o ardor por dentro. Como um vulcão que expelia seu magma furiosamente ardente. E eu sabia exatamente o que precisava acontecer para me livrar da dor.
Eu forçaria minhas têmporas até onde fosse capaz de suportar. Eu não poderia deixar que ela escorresse com tanta facilidade assim.
E as minhas esperanças surgiram em meio à escuridão. Ele me abriu o mais caloroso sorriso com os olhos irradiados.
E ela se evaporou, como se nunca houvesse nascido. E mesmo com vestígios de maresia ameaçarem transbordar novamente, encontrei forças para retribuir o gesto. E não importava mais nada; nem ao redor, nem a milhas de distância – exceto a minha preocupação com o doloroso fim daquele momento.

Meus cumprimentos


Creio que privacidade se tornou indispensável nesses últimos meses. O que eu escrevia se tornou público demais, vazado demais. Sentia que meus sentimentos, minhas dores e meus segredos se evaporaram aos poucos e passaram a não ser só meus. Parecia que todo o interior havia sido ligeiramente desfacelado pelas opiniões alheias. E eu não quero isso. Eu quero um lugar só pra mim, onde eu possa compartilhar minhas confissões com as pessoas que realmente merecem. Onde eu possa flutuar e fechar os olhos, sem medo de despencar.