domingo, 26 de abril de 2009

A lágrima


Me aliviaria metade do sofrimento se, por acaso, ela escorresse. Encharcada de medo e transbordável pelo arrependimento, seria inútil evitar que ela rolasse pelas maçãs rosadas do meu rosto agora – ao menos que algo acontecesse. E, sinceramente, não havia esperança alguma.
Refrescaria meu desespero, simbolizaria o medo se irradiando em mim. E bastaria. Ela escorreria, e levaria ao chão meus anseios em apenas uma gota. Não arderia meus olhos e nem queimaria minha face. Quase perfeito.
Mas enquanto ela não despencava, eu podia sentir o ardor por dentro. Como um vulcão que expelia seu magma furiosamente ardente. E eu sabia exatamente o que precisava acontecer para me livrar da dor.
Eu forçaria minhas têmporas até onde fosse capaz de suportar. Eu não poderia deixar que ela escorresse com tanta facilidade assim.
E as minhas esperanças surgiram em meio à escuridão. Ele me abriu o mais caloroso sorriso com os olhos irradiados.
E ela se evaporou, como se nunca houvesse nascido. E mesmo com vestígios de maresia ameaçarem transbordar novamente, encontrei forças para retribuir o gesto. E não importava mais nada; nem ao redor, nem a milhas de distância – exceto a minha preocupação com o doloroso fim daquele momento.

4 comentários:

  1. Você escreve muito bem. O texto tá lindo, apesar de triste.

    beijos.
    /passanomeuseder.

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  2. amei.. ontem tive uma noite dificil e de muita lagrima.. o olho se enxeu todo agora :s

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  3. texto muito bonito, e o nome do seu blog parece titulo de filme :)

    :*

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  4. muito bonito e triste...
    lágrimas nos lavam né, de dentro pra fora

    bons dias

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